domingo, janeiro 30

Aah! I see you have the machine that goes 'ping'!

A decadência do Sistema Nacional de Saúde preocupa-nos, e depois de um aturado escalpe aos programas eleitorais que sustentam as candidaturas em curso constatamos, cabisbaixos, que nada faz prever a revolução que urge como posts idiotas num blog vazio. Estruturas, equipamento, técnicos, atendimento, eficácia: nenhuma medida fará sentido adoptar enquanto não assumirmos (todos!) a absoluta necessidade de ouvir o administrador de um qualquer hospital proferir, com o orgulho do dever cumprido:

sexta-feira, janeiro 28

Counting radioactive teardrops...

Metropolitano de Moscovo


bee flowers
| Komsomolskaya

Que grande nome de blog!

terça-feira, janeiro 25


Digo-lhe para olhar menos para o rosto das pessoas se não os entende e mais para as coisas, tal como eu, quando cheguei à América, contemplava os anúncios de néon e deduzia que tipo de país era. Tiro os cigarros do bolso, «vês», digo-lhe, «estes são os cigarros produzidos em Sarajevo, e tu sabes porque é que a caixa é completamente branca?», ele diz que não com a cabeça, «é branca porque já não existe nenhum lugar onde se possam imprimir os rótulos para as caixas. Tu agora vais concluir que nós somos coitados e infelizes porque nem sequer podemos ter nada escrito nos nossos maços de tabaco, concluirás isto porque não sabes olhar.» Começo a desmanchar a caixa, sei que por dentro não é branca, que pode ser o invólucro de sabonete para crianças virado do avesso, uma parte de um cartaz de uma sessão cinematográfica, uma parte de um anúncio de sapatos. Também sinto curiosidade com o que está lá dentro, vejo-o e sempre me surpreendo, e o americano está igualmente curioso, embora não faça a mínima ideia do que estou a fazer. Desmanchei assim a caixa e quase caí redondo. Lá dentro reluzia o invólucro de Marlboro, aquele velho Marlboro Sarajevo, o americano abriu a boca, eu soltei um palavrão, não sabia que dizer mais.


Miljenko Jergovic
Marlboro Sarajevo

segunda-feira, janeiro 24

almostThe Kramer


David Hume Kennerly | Michael Richards, last 'Seinfeld' episode | 1998

domingo, janeiro 23

Metropolitano de Moscovo


bee flowers
| Novoslobodskaya

sábado, janeiro 22

Criaturas do olvido

Apresento-nos à maior descoberta, desde que nascemos na cabeça de quem nos pensou. Mas não será essa revelação o contrário de si própria? Mesmo parecendo que não, ficamo-nos pelo exacto pathos em que nos (des)encontrávamos. Bem; talvez um pouco mais ensonados.

Metropolitano de Moscovo


bee flowers
| Dynamo

sexta-feira, janeiro 21

love @ first site

Queres ser a estrada ou queres ser o rio?



Bósnia-Herzegovina | Neretva | 2003

quinta-feira, janeiro 20

'este blog termina aqui', abluído de cinza.

Prescrição

Leite quente com meia colher de chocolate e um cigarro à janela para o monte-de-frente e para marte-de-cima, com a roupa de andar por casa mais ridícula do mundo e umas meias velhas de cento e cinquenta anos-luz.

quarta-feira, janeiro 19

Passar e respirar ruas molhadas.

terça-feira, janeiro 18

Spleen LXXVI

Memórias tenho mais que se tivesse mil anos.


Um armário com as gavetas cheias de balanços,
De versos, bilhetinhos, processos, romanzas,
E enroladas madeixas dentro dos recibos,
Esconde menos segredos do que o meu cérebro triste.
É como uma pirâmide, um imenso jazigo
Encerrando mais mortos que a vala comum.
- Eu sou um cemitério que a lua abomina
E onde os vermes rastejam, tais como remorsos,
Sôfregos devorando os meus mais queridos mortos.
Sou um velho toucador cheio de coisas mirradas,
Onde jazem os restos de modas passadas
E onde os pastéis, gemendo, e os Boucher, tão pálidos,
Respiram, sós, o odor de um frasco destapado.


Nada iguala a extensão dos longos dias mancos
Quando o tédio, esse fruto da incuriosidade,
Sob os pesados flocos da neve dos anos,
Atinge as proporções da imortalidade.
- Ó matéria tão viva! és apenas agora
Um granito envolvido por vago pavor,
Dormitando no fundo de um Sara brumoso;
Velha esfinge que o mundo, negligente ignora
Já esquecida no mapa, e cujo estranho humor
Canta apenas aos raios do sol que se põe.



Charles Baudelaire
As Flores do Mal

domingo, janeiro 16

data files: Titan#3



Montanhas, falésias, a linha de costa, o mar, calmo e denso, pequenas praias, barcos ancorados. Daguerreótipo de um mundo primordial, há muitos azuis atrás.

A boundary between high, lighter-coloured terrain and darker lowland area on Titan (European Space Agency).

[Adenda] E não é que o pessoal da ESA e da NASA especula que poderá tratar-se, realmente, de algo semelhante a uma antiga linha de costa?!?

sábado, janeiro 15

data files: Titan#2


ESA: Registo da conversão em som audível de alguns ecos recebidos pelos radares da Huygens, durante os últimos quilómetros da sua descida para Titan.
À medida que a sonda se aproximava do solo, declive e intensidade aumentavam vertiginosamente.

sexta-feira, janeiro 14

data files: Titan#1


Pelos vistos não mergulhou numa superfície líquida, como se achava que poderia acontecer. É inacreditável pensar naquilo que estamos a ver e ouvir, de um mundo a mais de uma hora-luz de distância.

mundos e fundos

A sonda europeia Huygens pousou em Titan, a maior lua de Saturno e uma espécie de Terra primordial. Sete anos depois de sair daqui, à boleia da Cassini, para onde começou já a enviar os primeiros dados.



Nos próximos tempos vale a pena passar a vida a espreitar aqui e ali.
E sintonizar a nasa tv.

love @ first site

Viver todos os dias cansa.


Gerhard Richter | Townscape Madrid | 1968

quinta-feira, janeiro 13

Porquê insistir na pedra?

segunda-feira, janeiro 10

Se consegues olhar também podes tentar ver


APoD: Eclipse of the Sun by Jupiter, as viewed from Galileo.

sábado, janeiro 1

feliz... dois mil e quê?

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